26 de out. de 2011

Equipa de amadores encontra asteróide a aproximar-se da Terra

Objecto pode representar risco de impacto


Torre de controlo nas ilhas Canárias. (ESA)

(Ciência Hoje - Portugal) Pela primeira vez, observações coordenadas pela equipa de risco espacial da ESA encontraram um asteróide que se aproxima da Terra o suficiente para representar risco de impacto. A rocha espacial foi encontrada por astrónomos amadores, o que reforça o valor que estas observações têm para a ciência e para a defesa planetária.

A descoberta do asteróide 2011 SF108 foi feita pela equipa de voluntários do Teide Observatory Tenerife Asteroid Survey (TOTAS) durante um período de observação patrocinado pela ESA, em Setembro, no âmbito do programa Space Situational Awareness (SSA).

O estudo que durou quatro noites usou um telescópio com um metro de abertura, na Estação de Seguimento Óptico, da ESA, em Teide, Tenerife, Ilhas Canárias. Este não é o primeiro asteróide encontrado sob o patrocínio do SSA, mas é o primeiro que se qualifica como um 'Near Earth Object' (NEO), ou objecto próximo da Terra – um objecto que passa suficientemente perto da Terra durante a sua órbita para representar risco de impacto.

Durante as observações TOTAS, o telescópio pesquisa asteróides de uma forma automática, por várias horas, usando ‘software’ desenvolvido por astrónomos amadores e pelo cientista computacional Matthias Busch, do Starkenburg Amateur Observatory, em Heppenheim, Alemanha.

No entanto, as observações potencialmente relevantes têm de ser avaliadas. A equipa inclui 20 voluntários, a maior parte dos quais fez parte da avaliação manual das imagens capturadas durante a sessão, a 28/29 de Setembro. Os dados “são distribuídos a toda a equipa para análise e qualquer um pode ser o descobridor de um novo asteróide," diz Detlef Koschny, responsável pelas actividades de NEO para o SSA. A órbita do asteróide 2011 SF108 aproxima-o a não mais do que 30 milhões de quilómetros da Terra.


Objecto está a 30 milhões de quilómetros. (ESA)

“É um trabalho voluntário muito compensador. Quando encontramos alguma coisa, contribuímos para o esforço europeu de defesa contra o risco dos asteróides”. O objecto é o 46º asteróide descoberto por Kracht, um professor reformado que vive em Elmshorn, próximo de Hamburgo, Alemanha. "Oito pessoas analisaram as imagens da noite da descoberta, e eu tive a sorte de ter sido o membro da equipa a encontrar o 2011 SF108," diz Kracht.

"A descoberta só foi possível graças ao excelente ‘software’ desenvolvido por Matthias Busch, que também detectou este objecto nas imagens da segunda noite e enviou as observações para o Minor Planet Center", concluiu.

Até hoje, foram encontrados 8000 NEOs, descobertos em todo o mundo, mas suspeita-se que existam muitos milhares por descobrir, em especial com dimensões entre alguns metros e as centenas de metros. É importante descobrir e encontrar estes que faltam, para que se possa determinar se constituem algum risco de impacto para a Terra.
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