(Dermeval Carneiro - O Povo) Antes do nosso tema de hoje, as estações do ano, vou fazer duas referências: uma ao O POVO, pela brilhante iniciativa de retomar a coluna Visões do Cosmos. A outra, ao grande mestre Rubens de Azevedo, com quem tive a oportunidade de conviver durante 30 anos. Rubens criou e escreveu a coluna Visões do Cosmos nos anos de 1983 e 1984. O mestre nos deixou no dia 17 de janeiro de 2008, aos 86 anos.
As estações do ano são, efetivamente, o fenômeno astronômico que mais afeta a nossa vida. Elas acontecem graças à inclinação do eixo da Terra, cerca de 23,5º, e ao movimento ao redor do Sol.
Desde a mais remota época, o homem aprendeu a observar o caminho aparente do Sol. Chama-se assim porque não é o Sol que está girando em torno de nós, e sim a Terra que gira em torno dele. A Terra gira em torno do seu eixo no sentido de Oeste para Leste e, em consequência, o Sol se apresenta girando de Leste para Oeste.
Os povos antigos construíram observatórios de pedra e definiram os diferentes pontos onde o Sol projetava sua luz durante o ano. Assim, se organizaram e aprenderam as datas do plantio e da colheita.
O fenômeno das estações do ano é decisivo para o clima e a vida na Terra. Por exemplo, ao contrário do que muita gente pensa, a floresta Amazônica não é a maior do planeta. As florestas que ficam entre os trópicos de Câncer e Capricórnio ocupam apenas 3% da superfície, mas são afetadas pela incidência dos raios solares de forma quase constante durante todo o ano, devido ao movimento do Sol de trópico a trópico. E é por isso que essas florestas, incluindo a amazônica e o Pantanal, são tão ricas em vida – abrigam mais da metade de todas as espécies de plantas e animais.
A incidência dos raios solares nas várias estações produzem efeitos biológicos diferentes. O outono é a estação dos frutos e da colheita, mas no Ceará, por exemplo, você só consegue o caju na primavera (outubro, novembro e dezembro). Já ata, só temos no outono.
As estações influem na indústria, agricultura, turismo, entre outros. Nas regiões onde as estações são sentidas de forma mais intensa, não se veste no verão a mesma roupa que se veste no inverno, o que interfere na indústria da moda. Na agricultura e na agropecuária, as variações climáticas são fundamentais na produção de alimentos.
Quando o Sol está no Trópico de Câncer é inverno no Hemisfério Sul e o continente Antártico está a uma temperatura de até 70ºC negativos. É quando os pinguins imperadores ficam durante três meses, guardando com o aquecimento das penas dos seus pés, os ovos com seus filhotes. Quando o Sol retornar ao Trópico de Capricórnio, projetará luz no solo Antártico, com isso vem o alimento e os pinguins serão os primeiros animais a alimentar seus filhos. Será que os pinguins sabem que o Sol retornará? Não só sabem como podem sentir.
Trópicos
ENTENDA
Caminho do Sol
As ilustrações acima nos ajudam a compreender melhor o caminho aparente do Sol entre os trópicos.
O Trópico de Câncer é uma linha imaginária que passa por mais de 15 países de três continentes, corta o México passando pela cidade de Mazatlán.
O Trópico de Capricórnio é uma linha imaginária que passa pelos oceanos Índico, Pacífico e Atlântico, atravessando mais de dez países de três continentes. Corta o Brasil passando próximo da cidade de Itaí, no interior do estado de São Paulo.
Esse mecanismo das estações do ano se repete há milhares de anos, mas nem sempre teve esse mesmo comportamento.
O fenômeno depende da inclinação do eixo da Terra, que muda a cada 26 mil anos, aproximadamente.
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