2 de set. de 2014

Descoberto novo asteroide 'brasileiro'

O QW296 é o oitavo objeto com órbita próxima da Terra encontrado em três meses por um trio de astrônomos amadores mineiros


(Veja) Astrônomos amadores brasileiros descobriram no último sábado mais um asteroide com órbita próxima da Terra. Batizado de QW296, ele é o oitavo descoberto pelo Sonear, sigla para Southern Observatory for Near Earth Objects, em três meses. O asteroide, um NEO (Near Earth Object), vai passar perto do nosso planeta, a cerca de 49,5 milhões de quilômetros, mas não oferece perigo de colisão. Com diâmetro estimado de 700 metros, ele é classificado como Amor, o que significa que ele não cruza com a órbita do nosso planeta.

O grupo de astrônomos, formado por Cristóvão Jacques, Eduardo Pimentel e João Ribeiro, observa o céu desde 18 de dezembro, em busca de objetos potencialmente perigosos para a Terra. O observatório, localizado em Oliveira, cidade a 120 quilômetros de Belo Horizonte, é o único a fazer esse trabalho no Hemisfério Sul e tem se mostrado muito eficaz para monitorar corpos celestes cruzando o espaço. O primeiro dos oito asteroides foi localizado em 20 de maio. Em seguida, vieram novas descobertas em 15 e 23 de julho e outras cinco em agosto — mais de uma por semana. Além disso, o grupo também encontrou dez asteroides no cinturão entre Marte e Júpiter.

“Esperávamos encontrar vários asteroides, mas o resultado está sendo melhor que a encomenda”, diz Jacques. “E o melhor é que estamos descobrindo objetos difíceis de serem vistos — os mais fáceis de encontrar são os asteroides entre Marte e Júpiter.”

Órbitas cruzadas — De todos os NEOs encontrados, o mais ameaçador é o primeiro. Por seu tamanho e proximidade da Terra, ele se encaixa na classificação de “asteroide potencialmente perigoso”. Com mais de 150 metros de diâmetro e menos de 7,5 milhões de quilômetros de distância da órbita terrestre, caso colidisse com a Terra, ele causaria um impacto continental. Felizmente, apesar de sua classificação, os riscos de uma colisão são desprezíveis. E é essa a importância do trabalho do Sonear: vasculhar o espaço em busca de objetos que poderiam entrar na órbita da Terra.

"Com a tecnologia disponível atualmente, um telescópio e câmeras digitais, monitoramos um pedaço do céu que está fora do alcance de outros telescópios", diz Jacques. "E, com um pouco de sorte e bastante trabalho, estamos encontrando vários objetos celestes."

Para encontrar os NEOs, Jacques, Pimentel e Ribeiro tiram fotos do céu durante a noite e analisam o material no dia seguinte. Além dessa atividade minuciosa, os três têm outros trabalhos: Jacques é engenheiro, Eduardo é advogado, e Pimentel, jornalista e professor.

Cometas brasileiros — A primeira descoberta do observatório, que dispõe de um telescópio de 450 milímetros de diâmetro fabricado sob encomenda, foi um cometa — o primeiro brasileiro. Pouco mais de dois meses depois, encontraram um segundo, batizado de C/2014 E2 Jacques. O cometa Jacques pode ser visto no Hemisfério Sul no início de agosto e, nesse momento, é o cometa mais brilhante que passa pelos céus do Hemisfério Norte. Na próxima semana, poderá ser visto novamente no Brasil. “Basta um binóculo e o céu limpo para conseguir observá-lo”, diz Jacques.
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