6 de dez. de 2014

O sucesso de programas de ciência

Muitos programas no estilo “ciência maluca” se tornam sucesso de público. Alguns viram clássicos e influenciam gerações. Eles ensinam mesmo como o mundo funciona?


(Época) Quando o programa O mundo de Beakman estreou na TV Cultura, em 1994, eu tinha 9 anos. Foi uma época áurea do canal paulista. A programação incluía sucessos como Rá-tim-bum, Glub glub, X-tudo, o desenho As aventuras de Tintim e o seriado Anos incríveis. Era fã de todos. Meu preferido era Beakman, o cientista esquisitão, de jaleco verde e cabelo armado, que gesticulava feito um louco. Ele tinha um assistente, Lester, um sujeito vestido de ratazana. A fórmula usada por Beakman, interpretado pelo ator Paul Zaloom, funcionava no ritmo do meu cérebro de moleque irrequieto. Ele disparava curiosidades científicas como uma metralhadora, num cenário caótico e divertido. Por que as girafas têm pescoço comprido? Como funciona o princípio de Bernoulli? O que significa hereditário? Como os aviões voam? Do que é feito o suor? Beakman era mestre em representar processos químicos usando objetos simples. Certa vez, mostrou o efeito desinfetante do peróxido de hidrogênio diluído, a água oxigenada, num corte na pele. Os componentes do sangue, plaquetas, hemácias e glóbulos brancos, foram representados por bexigas coloridas, que saíam de um buraco, o machucado. A água oxigenada, em contato com as enzimas, eliminava o oxigênio e destruía os micro-organismos invasores. A cicatrização foi representada por fitas adesivas, que gradativamente taparam o buraco, segurando as bexigas. “Barabim, barabum”, ele dizia, ao final de cada experimento. Nunca mais esqueci o tal peróxido de hidrogênio.

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