19 de out. de 2015

Poeira do cometa Halley forma chuva de meteoros sobre o Rio

Fenômeno terá ápice no dia 21; nenhum corpo celeste deve cair sobre o planeta


(O Globo) Quase 30 anos após sua última passagem pelo planeta, o cometa Halley provocou um fenômeno curioso na madrugada de ontem sobre o Rio. Um rastro de poeira do corpo celeste está formando a chuva de meteoros Orionídeas, que deve se prolongar até o fim do mês. O clarão no céu, maior do que o registrado normalmente durante estes episódios astronômicos, espantou moradores da cidade.

O nome da chuva de meteoros vem de sua origem, a constelação de Órion. Segundo o astrônomo Jorge Mario Carvano, do Observatório Nacional, a Terra está indo ao encontro ao local em que a poeira está em órbita. Trata-se de um fenômeno comum.

— A chuva de meteoros ocorre devido ao encontro do planeta com partículas de algum corpo que libera poeira. Desta vez, é o Halley — explica. — Os rastros de poeira de cometas tendem a ser pouco resistentes e não formam grandes objetos que poderiam colidir com o planeta. Seria uma situação improvável.

Astrônomo da Fundação Planetário, Alexandre Cherman acalma os mais preocupados: mais de 90% dos objetos celestes que passam pela Terra não causam nenhum impacto na superfície do planeta.

Cherman destaca que as chuvas de meteoros acontecem praticamente todos os meses, já que o espaço é muito conturbado. Alguns episódios, no entanto, ocorrem em locais de baixa visualização ou antes do anoitecer.

— Em agosto, chegamos a registrar mais de dois mil meteoros por hora — lembra. — Isso não quer dizer que é fácil encontrá-los, já que eles estão distribuídos em todo o planeta. Para ter certeza de que vamos flagrar um deles, precisaríamos seguir o percurso que ele cumpriu por toda a Terra.

Quem está realmente disposto a ver uma chuva de meteoros deve madrugar. De acordo com Cherman, o horário mais propício para testemunhá-la é às 3h, quando o planeta atinge uma posição em que os corpos celestes parecem estar vindo em nossa direção. O auge da Orionídeas será entre os dias 20 e 21 deste mês.

As imagens registradas cidade afora mostram o fuzuê provocado pela poeira do Halley. Nas redes sociais, diversas pessoas revelaram o susto ao observar a passagem do corpo brilhante durante a madrugada.

Coordenador do Projeto Exoss, dedicado ao estudo de meteoros, Marcelo de Cicco comparou em seu site o efeito causado pelo fenômeno astronômico: “É como se a noite virasse dia. (...) Os dados preliminares indicam um brilho intenso, bem maior que a lua cheia, e uma trajetória superior a 150 km sobre os céus do litoral sudeste do país. O meteoro durou cerca de cinco segundos até se desintegrar sobre a atmosfera terrestre”.

Os meteoros causados pela poeira do Halley são uma excelente distração entre as raras passagens do cometa mais conhecido da ciência. Sua última aparição por aqui foi em 1986, mas ele mal foi visto pelos cariocas devido ao excesso de poluição e luzes na cidade. A próxima será apenas em 2061.

— Ele é considerado o primeiro cometa da era moderna, porque seu descobridor, o inglês Edmond Halley, previu ainda no século XVII que ele faria uma nova aparição. Na época, acreditava-se que os cometas eram fenômenos aleatórios, sem data para voltar — destaca Cherman.

Na última semana de outubro, astrônomos e entusiastas poderão acompanhar, no dia 27, a última superlua do ano. No dia seguinte, Vênus, Marte e Júpiter formarão um triângulo no lado leste do céu, pouco antes do nascer do Sol.

Outras duas chuvas de meteoros passarão pelo planeta em 2015. A dos meteoros Leonídeas, da constelação de Leão, atingirá seu pico em meados de novembro. O espetáculo mais promissor, no entanto, está agendado para dezembro. A lua crescente deve iluminar a chuva Geminídeas, quando os corpos celestes vêm da constelação de Gêmeos.

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