8 de jan. de 2016

Nasa ganha aumento de verba para suas missões

(Folha) Belo presente de Natal para a Nasa: nos últimos dias de 2015, ela ganhou do Congresso americano o seu melhor orçamento anual desde 2010 (descontando-se a inflação).

No ano que vem, a agência espacial americana terá US$ 19,3 bilhões para seus projetos -quase US$ 800 milhões a mais do que a Casa Branca havia solicitado originalmente e US$ 1,3 bilhão a mais do que no ano anterior.


O bom resultado reflete o afrouxamento na contenção de gastos federais com a recuperação da economia americana e um novo senso de urgência do Congresso para que os EUA não percam a liderança global no espaço.


Normalmente, a formulação do orçamento da Nasa é um "toma-lá-dá-cá" em termos da prioridade que se dá a cada um de seus segmentos de atuação. Mas o que tivemos para 2016 é o que Casey Dreier, analista da ONG Planetary Society, chama de "cenário todo mundo ganha".


"Temos a chance de avançar com os programas de uma maneira que beneficia a nação e o mundo. Por um pequeno aumento do orçamento, todos têm chance de vencer", disse Dreier.


Até mesmo a iniciativa de transporte comercial de astronautas e carga para a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), que envolve contratar empresas para prestar o serviço à Nasa, recebeu a verba solicitada (pela primeira vez no projeto).


Era o principal foco de pressão da agência espacial sobre o Congresso no ano que passou. Por diversas vezes, Charles Bolden, administrador da Nasa, alertou que, se houvesse cortes, os EUA precisariam contratar mais voos da Rússia para levar seus astronautas na ISS.


Uma observação: desde 2011, com a aposentadoria dos ônibus espaciais, a Nasa tem dependido das naves russas Soyuz para levar seus tripulantes ao complexo orbital.


ESPAÇO PROFUNDO

Agora, prioridade mesmo o Congresso colocou no desenvolvimento do foguete SLS (Space Launch System), o lançador que, acoplado à cápsula Órion, levará astronautas além da órbita terrestre baixa pela primeira vez desde as missões Apollo.

O novo orçamento aprovado dá ainda mais dinheiro do que a Casa Branca havia solicitado originalmente -cerca de US$ 640 milhões a mais.


A verba, contudo, vem com um recado: o hiato entre o primeiro voo-teste do SLS, marcado para 2018, e a primeira missão tripulada em torno da Lua, para 2023, é inaceitável e precisa ser reduzido.


Originalmente, a Nasa trabalhava com a data de 2021, mas teve de empurrar para frente por cortes sucessivos no orçamento.


Agora, não só o Congresso restitui parte da verba perdida em anos anteriores como também faz outro investimento, ainda que modesto, em exploração tripulada do espaço profundo. Pelo menos US$ 55 milhões deverão ser gastos, em 2016, em estudos para desenvolver módulos de habitação para viagens mais longas -a Órion sozinha, além de apertada, só pode sustentar uma tripulação no máximo por três semanas.


Outro projeto caro aos congressistas americanos é a missão não tripulada a Europa, a lua-oceano de Júpiter que pode muito bem abrigar vida sob a superfície congelada.

Para 2016, a Nasa havia solicitado US$ 30 milhões. O Congresso decidiu dar US$ 175 milhões e sugeriu que a agência espacial lançasse a missão até 2022 e desenvolvesse um módulo de pouso para acompanhar o orbitador.


Além disso, o novo orçamento garantiu verbas para algumas missões em andamento que estavam ameaçadas, como o LRO (Lunar Reconnaissance Orbiter) e o jipe marciano Opportunity.


Obama já sinalizou que vai ratificar a proposta do Congresso para 2016, mas fica agora a curiosidade para saber qual será a solicitação da Casa Branca para a Nasa em 2017, a ser apresentada em fevereiro.


MISSÃO ADIADA

Nem tudo são flores para a Nasa, contudo. O fim do ano também marcou o adiamento daquela que seria uma nova missão não tripulada a Marte.

O lançamento da sonda InSight estava agendado para em março de 2016, com pouso no planeta vermelho quase sete meses depois, mas um defeito persistente em um dos dois instrumentos embarcados, fornecido pela CNES (agência espacial francesa), obrigou ao adiamento de última hora.


As inconveniências da mecânica celeste darão tempo de sobra para o conserto, uma vez que a posição dos planetas para um lançamento a Marte só voltará a ser boa em maio de 2018. Mas ainda não está claro qual será o impacto do adiamento no custo total da missão e na agenda de lançamentos de futuras missões planetárias americanas.


Para o ano que vem, a ESA (Agência Espacial Europeia) também prepara o envio de seu orbitador marciano GTO (Gas Trace Orbiter), parte da missão dupla ExoMars. Ele buscará sinais de metano produzido por formas de vida na atmosfera de Marte. O lançamento também terá um pequeno módulo de pouso russo.

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