Thaísa Bergmann é astrofísica e ganhou um prêmio da Unesco. Ela destaca a falta de incentivo e a desigualdade das mulheres.
(Hora 1) A educação é uma ferramenta muito importante na luta pela igualdade de gênero. Nos últimos anos, as mulheres estão ocupando mais cadeiras nas salas de aula do Ensino Superior, inclusive em cursos tradicionalmente masculinos, como os da área de ciência e pesquisa. Em Porto Alegre, a astrofísica Thaísa Bergmann, que ganhou a edição internacional do prêmio "Para Mulheres na Ciência", da Unesco, fala sobre a carreira.
O Brasil tem cerca de 8 milhões de estudantes no Ensino Superior e quase 60% deles são mulheres. Mas o que explica essa diferença em relação aos homens? Uma das respostas é que elas estão se interessando cada vez mais por assuntos que antes eram dominados por eles.
Thaísa é um exemplo de sucesso. Ela é astrofísica há quase 30 anos e em 2015 foi reconhecida com um dos prêmios mais importantes do mundo na área da ciência.
Como tudo começou
“Lá no centro das galáxias tem os buracos negros supermassivos e eu descobri um desses objetos engolindo matéria ao seu redor. Desde aquela época eu acompanho a evolução desse buraco negro engolindo matéria, assim como em outras galáxias. Então eu estou vendo o efeito mais amplo em mais galáxias e isso é, no fim, o estudo da evolução do universo. Foi isso que me levou a ganhar o prêmio Loreal Unesco para Mulheres na Ciência", conta.
A conquista do prêmio
Sobre o que representou a conquista do prêmio, Thaísa revela: “Foi muito legal a cerimônia glamourosa, na Sorbonne, em Paris. Eu tive a minha foto pendurada no aeroporto Charles de Gaulle. Foi resultado de uma vida, um episódio muito glamouroso para uma cientista, não é uma coisa tão comum. Foi bem importante, foi divertido, a gente se sente valorizada, né? E eles também usam para divulgar o trabalho científico das mulheres e eu espero que tenha ajudado a atrair meninas para a ciência. Nos primeiros congressos que eu ia, as pessoas ficavam curiosas porque tinham poucas mulheres, então prestavam atenção no que elas tinham a dizer. A gente acabava tendo uma certa visibilidade, nesse aspecto era interessante".
Preconceito e desigualdades
“O preconceito, eu acho que está sendo vencido aos poucos, né? Por outro lado, falta incentivo para as meninas na ciência, o elemento cultural, o elemento da escola também e a parte prática, quando a mulher quer ter filhos. Essa parte eu acho que é o nó do gargalo, porque as mulheres têm que ter as mesmas condições que os homens têm para seguir na carreira científica. Infelizmente, a mulher quando tem um filho, ela se sente mais responsável por aquele filho do que os homens. Eu acho que qualquer área hoje em dia, pra tu te destacar, ir longe, precisa ter dedicação. Então eu acho que a sociedade precisa também se responsabilizar de fornecer condições iguais para mulheres e homens".
Uma outra mulher, também brasileira, ganhou a edição internacional do prêmio "Para Mulheres na Ciência", da Unesco. Carolina Andrade é química e desenvolve pesquisas na área de química medicinal para o tratamento da leishmaniose.
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