17 de jun. de 2016

Quase dois terços dos brasileiros nunca poderão ver a Via Láctea

Poluição luminosa do Brasil é maior do que a de toda a União Europeia junta



(Galileu) Mais de um terço da população mundial não consegue ver a Via Láctea do local onde moram. A informação foi divulgada em um novo atlas global da poluição luminosa publicado no jornal científico Science Advances.

“Gerações inteiras nos Estados Unidos e em muitos outros lugares do mundo não viram nem nunca verão a Via Láctea. É triste, porque grande parte de nossa conexão com o Cosmo foi perdida”, lastima Chris Elvidge, um dos coautores do atlas e pesquisador Centro Nacional de Informações Ambientais da Administração Nacional para Oceanos e Atmosfera dos EUA (NOAA).

Antes fonte de inspiração e de estudo para astrônomos amadores e entusiastas do espaço, a Via Láctea já foi paisagem constante até nas artes visuais, como no quadro A noite estrelada, do pintor holandês Vincent van Gogh. Hoje, são poucos os que conseguem visualizar pedaços de nossa galáxia e para quem nasceu e cresceu em grandes metrópoles, a ideia parece até utópica.

No Brasil, cerca de 62% da população nunca verá a Via Láctea de suas casas. O percentual é parecido com o da União Europeia, onde apenas 40% das pessoas podem ver a galáxia de seus lares; em geral, nos países escandinavos, como a Islândia, a Dinamarca e a Suécia. Nos Estados Unidos, a situação é ainda mais preocupante: apenas 20% da população pode visualizar a Via Láctea ao olhar para o céu.

Impactos
A poluição luminosa que nos impede de observar as estrelas com clareza é causada por múltiplos fatores: semáforos, postes de iluminação, faróis de carros, outdoors iluminados, placas em luz neon, iluminações de aviões; enfim, qualquer luz artificial que perturbe a escuridão natural pode ser considerada poluição luminosa.

Além de impedir que aqueles que amam e se inspiram pelas estrelas as observem, há indícios de que a poluição luminosa prejudique a saúde de seres humanos e de animais com hábitos noturnos. Portanto, este tipo de perturbação também afeta o meio ambiente.

O estudo publicado com o atlas também mostrou que mais de 80% da humanidade está exposto a um nível relativamente alto de poluição luminosa. Cerca de 14% das pessoas vivem em cidades extremamente iluminadas — com brilho do céu equivalente ou acima de 3 mil mcd/m² (microcandela por metro quadrado) —, que, ao longo dos anos, seus olhos perdem a visão escotópica, que é, basicamente, a “habilidade” de enxergar no escuro.

Segundo o chefe da pesquisa, Fabio Falchi, do Instituto Italiano de Ciência e Tecnologia da Poluição Luminosa, a tendência é que as coisas piorem, já que a maior parte das administrações municipais de grandes cidades considera substituir todas as tradicionais lâmpadas de iluminação pública que funcionam a vapor de sódio por lâmpadas de LED, que, apesar de mais econômicas no gasto de energia, emitem luz mais forte e poderosa.

Logo, para aqueles que sonham em observar as estrelas a olho nu, as notícias não são nada boa :(

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente