15 de dez. de 2011

Projeto sobre Astronomia aproxima Ciência e comunidade em Uberlândia

(JC) Com o objetivo de despertar o interesse pela Ciência, professores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) criaram meios de levar à população conhecimentos e experiências diferentes na área de astronomia.

Povos como os egípcios e chineses, cerca de 3.000 a.C, já usavam o céu como referência para definir a passagem do tempo e as épocas mais adequadas para plantio e colheita de alimentos. Nas grandes navegações, a observação da posição dos astros também era uma das formas de orientar as rotas. Da mesma forma, os antepassados interpretavam a vontade dos deuses por meio de fenômenos observados na abóbada celeste. Os mistérios do céu sempre exerceram fascínio sobre o ser humano e motivaram a criação de um campo de estudo específico bastante antigo, a astronomia. Com o objetivo de despertar o interesse pela Ciência, professores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) criaram meios de levar à população conhecimentos e experiências diferentes nesta área.

Por meio do projeto "Entre lentes, luzes e sombras: divulgando a Astronomia no Museu de Ciências da Dica", um planetário insuflável foi montado na UFU e dois telescópios foram adquiridos, além de outros equipamentos. A ideia é promover divulgação científica incentivando o interesse e o ensino da astronomia para o público em geral e para os professores. As atividades têm sido realizadas de forma integrada ao Museu da Diversão com Ciência e Arte (Dica), implantado na UFU em 2005 justamente com o intuito de aproximar a comunidade acadêmica e a população da ciência

Além de atender o público em geral, a proposta é focada especialmente nos professores de escolas locais e futuros docentes - alunos de licenciaturas da Universidade direta ou indiretamente relacionadas com as áreas de física e astronomia. De acordo com o coordenador do projeto, o professor da Faculdade de Educação da UFU Marcos Longhini, mesmo com alto potencial para despertar a curiosidade, a astronomia não tem seu ensino popularizado no Brasil. Assim, a proposta de atividades práticas pode ajudar a cobrir esta lacuna. "Os professores têm a oportunidade de acesso ao conhecimento propriamente dito e também de aproximar-se deste recurso que um dia poderão utilizar em sala de aula", explica.

O céu é o limite - Inaugurado em setembro de 2009, o planetário inflável simula o céu noturno em uma cúpula onde são projetadas imagens celestes. Desde 2010 está aberto à visitação de escolas do município - a capacidade é para em média 40 alunos e são organizadas sessões mensais no campus, além de atividades itinerantes. Segundo Marcos Longhini, o público é constituído em sua maioria por alunos do ensino fundamental. Cada sessão explicativa tem duração média de 40 minutos, durante os quais são exibidas imagens de diversas condições do céu em diferentes locais e épocas, de acordo com a temática em questão, permitindo observar constelações, planetas e galáxias sem interferência da poluição atmosférica e da iluminação urbana. O processo é narrado, acompanhado de um fundo musical com efeitos sonoros.

As ações de divulgação da astronomia do Museu da Dica receberam o nome de "Dicastronômica". Outro projeto que se encontra em andamento dentro da proposta é a "Trilha do Sistema Solar", que também conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). Por meio desta iniciativa, está sendo criada em um parque da cidade uma trilha para caminhada onde serão instaladas réplicas dos planetas, respeitando suas proporções de tamanho e distância. "A intenção é dar às pessoas uma noção mais próxima de como seria isto no sistema solar", conta Longhini. A grande "maquete" deve ficar pronta no começo de 2012, concretizando mais uma das ações dos pesquisadores no sentido de ampliar os espaços para contato com a ciência e levá-los para fora do ambiente do museu.

Desmistificando o céu do universo infantil - Muitos acontecimentos relacionados à astronomia estão presentes no cotidiano, como a passagem do tempo marcada pela oscilação entre dias e noites, o movimento da lua e as estações do ano. Entretanto, a falta de aprofundamento no aspecto científico dos fatos e o caráter místico que envolve o tema acabam reforçando crendices e mitos. O professor Longhini cita como exemplos a influência dos astros no estado emocional das pessoas e a correlação entre a passagem de cometas e guerras ou pestes.

Nas sessões do planetário, como o público é constituído em sua maioria por crianças, são desmistificadas crenças que povoam seu imaginário, como a ideia de não poder apontar estrelas com o dedo, a "presença" de São Jorge na lua e o próprio fato de o astro poder ser visualizado durante o dia. "Ao observar pelo telescópio eles querem saber se são Jorge está mesmo lá e explicamos que na verdade são apenas sombras", exemplifica o professor. Segundo ele, as perguntas sobre extraterrestres estão entre as mais frequentes. São questões às vezes simples, mas que atingem o objetivo de ajudar a aproximar os participantes do entendimento da ciência.

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