14 de dez. de 2011

Uma volta ao redor do sol











(Victor Alencar - O Povo) Dezembro sempre é lembrado como mês de festas. Essa fama não é à toa, já que temos o Natal, o Réveillon e ainda estamos na época de férias escolares. Para a coluna Cosmos, não é diferente; afinal, é nesse mês em que comemoramos um ano de existência – ou melhor, a nossa primeira volta ao redor do Sol.

O ano é uma das maiores referências de periodicidade que nós temos. Ver as épocas de chuvas se repetirem e verificar a época de colheita de certas frutas ano após ano também são formas de periodicidade e elas estão intimamente ligadas à astronomia.

Não é de hoje que o ser humano nota na periodicidade dos eventos. Vários monumentos espalhados pelo planeta e com datação de alguns milênios de existência, como Stonehenge na Inglaterra e Chankillo no Peru, são provas de que o homem se importava bastante com o ciclo de fenômenos, todos eles ligados ao céu.

Vamos fazer uma experiência! Pegue um calendário e veja a quantidade de números de dias de um mês. O mês não tem aproximadamente 30 dias à toa. Se verificarmos durante um ano, temos em média 12 luas novas. Assim, podemos dividir o ano aproximadamente pelo período de uma lunação (que é o tempo entre duas luas novas), que possui aproximadamente 29 dias e 13 horas, resultando, desse modo, em 12 meses. O nome ‘mês’ deriva do latim mens, que significava inicialmente algo semelhante a “período lunar”, o que conhecemos hoje como mês lunar ou, como já havíamos falado antes, lunação.

Veja agora os dias da semana. Não percebeu nada de ligação entre “segunda-feira” e algum significado astronômico? Bem, isso aconteceu porque a nossa nomenclatura de semana foi originada das tradições cristãs combinadas com os dias de trabalho. Mas, se você observar os dias da semana para as outras línguas, todas possuem referências aos deuses pagãos, que eram representados pelos planetas, Sol e Lua. Veja, para os franceses, italianos, espanhóis, ingleses e alemães, a tradução de segunda-feira, respectivamente: Lundi, Lunedi, Lunes, Monday e Montag. Todos eles com a tradução referente a “Dia da Lua”.

O nome ‘semana’ vem do latim septimana, que significa sete manhãs. No caso, cada um dos dias da semana tem o nome homenageando um astro. A segunda-feira é referente à Lua; a terça é referente a Marte; a quarta é referente a Mercúrio; a quinta é referente a Júpiter; a sexta se refere à Vênus; o sábado se refere a Saturno; e o domingo homenageia o Sol. Vale lembrar que os cinco planetas homenageados pela semana são os únicos planetas que conseguimos ver a olho nu, sem ajuda de nenhum instrumento ótico (os demais foram descobertos a partir de observações com instrumentos e previsões matemáticas).

O ano, referente ao Sol, deve ser o mais fácil de se medir a periodicidade. Afinal, é o período compreendido entre dois solstícios iguais - ou seja, entre dois verões ou dois invernos. Esse período é chamado de ano solar ou ano trópico e tem uma duração de 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos. Pelo fato de o período do ano não ter um número fechado de dias, há a necessidade de, a cada quatro anos, introduzir um dia para fazer a correção do calendário e não deixá-lo atrasado. O fenômeno é chamado de ano bissexto.

A nomenclatura ‘bissexto’ vem da expressão pelo fato de que nos anos de correção, ou seja com 366 dias, havia dois dias, que eram chamados de “Ante die VI (sextum) Kalendas Martias” (em tradução livre: seis dias antes do início de março), em vez de um dia só, como nos anos de 365 dias.

Dessa forma, haveria dois (bis) dias adicionados seis (sextum) dias antes do início de março. Com o passar do tempo, essa frase se contraiu para bissextum e, assim, hoje conhecemos o ano como bissexto.

Muitas outras datas e formas de periodicidades foram determinadas pela observação celeste. O dia ter 24 horas é uma herança do hábito de os egípcios olharem para o céu, assim como a data da Páscoa tem ligação com o firmamento. Agora, sim, você pode apreciar o seu calendário e enxergar a sua ligação com o cosmos.

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