Especialistas da companhia Aleut, que estão procurando os destroços, tiveram até de alargar a zona de pesquisas. O presidente do distrito de Chebarkul, Andrei Orlov, já desceu pessoalmente ao fundo do lago, participando nas tentativas de encontrar o "visitante espacial". O administrador concedeu uma entrevista ao nosso correspondente.
Para Andrei Orlov, esta não foi a primeira imersão nas águas do lago Chebarkul. Pela primeira vez, ele desceu em 16 de fevereiro, no dia seguinte após a queda do meteorito. Mas, naquela altura, tal como agora, o chefe do distrito não viu nada. Isso não é surpreendente, porque está muito escuro nas águas do lago, reconhece Andrei Orlov:
"Ali está tão escuro que não se vê absolutamente nada. Vesti um traje muito espesso, de sete milímetros de espessura, e foi segurado por dois escafandristas. Desci a uma profundidade de dez metros, enquanto os trabalhos decorrem numa profundidade de 18 metros. Não fui autorizado a descer mais sem uma preparação especial. Lá não se vê nada. Escafandristas trabalham em trevas profundas, orientando-se por sensações puramente táteis. Mas os trabalhos continuam".
Nos últimos dias, escafandristas não encontraram qualquer fragmento do meteorito. Os céticos começaram a falar que as buscas não estão sendo feitas no local certo. Mas Andrei Orlov tem certeza que o local da pesquisa foi definido com exatidão:
"O meteorito caiu no inverno, produzindo um buraco na superfície congelada do lago. Ainda naquela altura foram registradas suas coordenadas. Por outro lado, em fevereiro, março e até abril fomos visitados por muitos cientistas que tiraram dados de magnetometria e colheram provas de água. Os dados magnetométricos de cientistas de Sverdlovsk, Moscou, região de Moscou e da República Tcheca mostraram, em particular, locais de anomalia magnética descobertos no nosso distrito. Os trabalhos subaquáticos são executados agora num de tais locais. Ao todo, a magnetometria permitiu marcar quatro locais de anomalia magnética. Não se pode dizer exatamente se a anomalia foi provocada pelo meteorito. Mas antes não tínhamos nada disso."
Em Chebarkul foram abertas várias exposições dedicadas ao estudo do local da queda do meteorito. Uma delas se encontra no Museu Etnográfico distrital. Uma pequena sala tem nas paredes grandes fotografias com paisagens do lago no Inverno. No centro da sala, no chão, está uma enorme fotografia do buraco aberto no gelo do lago pelo corpo celeste. Num canto da sala está uma pequena vitrina onde está exposto um dos pequenos fragmentos do meteorito, encontrado por habitantes locais na floresta, diz uma colaboradora do museu, Tatiana:
"Não longe do local da queda do meteorito, estavam uns pescadores a pescar. Os pescadores geralmente estão concentrados nas varas de pescar e não prestam atenção a nada mais, mesmo se algo cair na água. Mas, naquela altura, o céu iluminou-se fortemente. Não houve quaisquer explosões. Ficamos muito surpreendidos, quando vimos pela televisão aquilo que aconteceu em Chelyabinsk em resultado da explosão do meteorito. Aqui não houve nada disso, embora o bólide tivesse caído no nosso distrito."
O contrato de levantamento de fragmentos do meteorito, concluído com a empresa de Ekateriburgo, expira em 4 de outubro.
Escafandristas esperam terminar os trabalhos nos prazos estabelecidos e levantar do fundo do lago tudo que lá se encontra. O meteorito atraiu a atenção não apenas de cientistas russos e estrangeiros, mas também de turistas de diferentes países. A pequena cidade de Chebarkul tornou-se conhecida por todo o mundo.
"Planejamos continuar a desenvolver o turismo e, talvez, transformar a nossa cidade na capital dos meteoritos russos", diz meio brincando o chefe da cidade.
"Já nos visitaram tchecos, norte-americanos, japoneses, chineses, franceses. O interesse é enorme. Não importa que se trata de um grupo restrito e específico de pessoas que têm interesse em relação ao espaço e a histórias cósmicas. A partir de 15 de fevereiro, tais pessoas tornaram-se frequentes na nossa cidade, o que nunca acontecia antes da queda do meteorito. Atualmente, estamos criando as condições necessárias para o desenvolvimento do turismo."
Na cidade já se vendem diferentes lembranças dedicadas ao “visitante espacial”. Para além de vários calendários e livros sobre a história de chondrites, são oferecidos, por exemplo, pequenos frascos com um líquido com o suposto aroma do corpo celeste. Mas é impossível sentir o cheiro, porque os frascos estão sendo lacrados minuciosamente.
A administração do distrito de Chebarkul instalou uma bóia memorial no local da queda do meteorito, visitado no período de verão por turistas. Em outras estações do ano, só os mais atrevidos e corajosos podem ver com os seus próprios olhos esta bóia, que se encontra a cem metros do litoral do lago. Para chegar até ele, é necessário viajar vários quilômetros de carro por um terreno acidentado e depois, a pé, através de uma floresta.
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Veja fotos do lago Chebarkul
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