4 de set. de 2017

A maldição dos cometas

Acostumados a regularidade dos movimentos dos astros, nossos antepassados não podiam deixar de surpreender-se com a passagem inesperada de uma bola luminescente com uma cauda luminosa riscando o céu.



(Nelson Alberto Soares Travnik - Sky and Observers) Presentes em todas as culturas, a história dessas “estrelas de cauda” é pontilhada de maus agouros. Os povos da antigüidade quando observavam um cometa eram possuídos pelo pavor. Eles surgiam de repente, sem nenhum aviso, de qualquer ponto do céu quebrando assim a harmonia da esfera celeste. Esse fenômeno social, ligando a figura dos cometas a presságios funestos, aparece em todas as culturas formadoras da civilização ocidental. Os babilônios os viam como barbas celeste, os gregos com cabelos esvoaçantes e os árabes como espadas flamejantes. Na Idade Média eram também encarados como espadas, adagas, barbas, cabelos eriçados ou crucifixos voadores.

Parece que os romanos acreditavam seriamente que o grande cometa de 34 a.C., ano da morte de César, fosse a alma do ditador deixando a Terra. Em abril de 1066, o cometa Halley apareceu no momento em que Guilherme, o Conquistador, invadia a Inglaterra. Os cronistas da época são unânimes: os normandos guiados por um cometa invadem a Inglaterra! Os ingleses são efetivamente derrotados na batalha de Hastings e Mathilde, esposa de Guilherme representa a aparição do cometa na celebre tapeçaria de Bayeux. O mesmo cometa Halley surge na primavera de 1456, justamente à época da guerra dos turcos e cristãos dirigida por Maomé e o papa Calisto III. Os cristãos vêem nele um alfanje e os muçulmanos uma cruz. O papa ordena o repicar dos sinos, convida os fiéis a fazerem preces e excomunga o cometa. Em 1519 no México, um cometa apareceu no céu provocando grande temor e Montezuma II que mandou castigar seus astrônomos sacerdotes por não o terem previsto. Os incas no Peru encaravam os cometas como avisos de fúria do deus-sol INTI e supõe-se que para acalmá-lo foram realizados sacrifícios de crianças. O famoso cirurgião Ambroise Paré em seu livro ‘Monstros Celestes’ escreveu que o cometa de 1528 era tão horrível e espantoso que algumas pessoas morreram de medo, outros caíram doentes e era enviado pelos anjos para advertir-nos do pecado. Em 1577 a aparição de um cometa teria envenenado as fontes com seus gases e muita gente e o gado haviam morrido. Na nglaterra a rainha Elizabeth I foi proibida de olhar o cometa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente