20 de jan. de 2012

"Segundo bissexto" poderá ser eliminado dos relógios

(Efe/Terra) Os países integrantes da União Internacional de Telecomunicações (UIT) decidirão nesta semana se vão manter ou eliminar o segundo intercalar (adicional), também conhecido como "segundo bissexto", o qual é acrescentado para sincronizar o tempo com a rotação da Terra.

A rotação da Terra sobre seu próprio eixo e sua órbita ao redor do sol determina, em função das observações astronômicas, a chamada "hora solar", a qual regeu até agora a medição do tempo.

No entanto, a rotação da terra experimenta variações causadas pela diminuição de sua velocidade e, mais pontualmente, por eventos violentos como terremotos e erupções vulcânicas. Por conta desta disparidade, os relógios atômicos, que firma o Tempo Universal Coordinado (TUC), precisam ganhar um segundo acrescentado na hora.

Esta é a mesma lógica que é usada para definir os anos bissextos, que permitem manter o tempo sincronizado com o sol, embora ninguém tenha questionado sua existência, já que o impacto dos dias 29 de fevereiro é muito maior que o dos segundos adicionais.

Um grupo de especialistas da ITU, um organismo técnico das Nações Unidas, apresentou aos 200 Estados-membros reunidos na Assembleia de Radiocomunicação, que acontece nesta semana, em Genebra, uma proposta para eliminar o segundo intercalar.

Por enquanto, só três países se opuseram explicitamente à medida: Reino Unido, Canadá e China.

A recomendação dos especialistas supõe novas vantagens e desvantagens, dependendo do ponto de vista que é examinado o assunto.

Se o sistema atual for mantido, o sol seguirá sendo a referência e "se manterá sempre no mesmo lugar na mesma hora ", explicou François Rancy, diretor do Escritório de Radiocomunicação da UIT.

Por outro lado, os que querem eliminar o segundo adicional destacam como uma vantagem a uniformização do tempo, o que evitaria, por exemplo, a defasagem que experimentam os sistemas de posicionamento global (GPS) com relação ao TUC.

O sistema GPS apareceu na década de 80 e, até o momento, considera complicado demais introduzir o segundo intercalar no sistema, um fato que poderia criar inúmeros erros. Assim, o sistema optou por funcionar com sua própria hora, que atualmente possui uma diferença de 15 a 17 segundos em relação ao TUC.

Também seria complicado ajustar os relógios atômicos (uns 350 no mundo) e os sistemas de telecomunicações e informáticos cada vez que um segundo é acrescentado ao ano.

"Esses ajustes causam um problema porque devem ser feitos de maneira manual, já que não podemos prever quando essas atualizações são necessárias. Só prevemos isso meses antes e sempre há um risco de erro, portanto é preciso de novas provas posteriores", disse Vincent Meens, chefe do Escritório de Freqüências do Centro Nacional de Estudos Espaciais da França.

"É impossível prever em que ano devemos agregar um segundo intercalar. Às vezes, há um segundo adicional a cada ano ou podemos ficar três ou quatro anos sem ele", acrescentou.

Do lado das desvantagens, Meens reconheceu que haverá "um desvio da hora da Terra em relação à hora atômica, que será mais ou menos de 1 minuto e 30 segundos por século" "O desvio calculado para um milênio é de 15 minutos. Talvez possamos resolver o problema inserindo, por exemplo, um minuto adicional em 70 anos", acrescentou o chefe do Escritório.

A decisão sobre o minuto intercalar deve ser adotada na Assembleia de Radiocomunicação desta semana, provavelmente na quinta-feira, segundo os organizadores do fórum.

Sobre este processo, Rancy assinalou que a prática comum na UIT é que as decisões sejam tomadas por consenso. Assim, seria preciso convencer os três países contra a eliminação do segundo intercalar.
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