6 de fev. de 2014

De cara nova

Observatório da USP São Carlos ganha cúpula moderna que vai permitir uma observação melhor do céu


(Agência Ciência Web) Quem passou pela esquina da Av. Dr. Carlos Botelho com a Rua Visconde de Inhaúma na manhã da última quinta-feira, dia 30 de janeiro, se deparou com uma cena um tanto curiosa. Um guindaste removia a cúpula do Observatório Dietrich Schiel, do Centro de Divulgação Científica e Cultural da USP São Carlos. Feita de aço e chapas de zinco e pesando cerca de 1,5 tonelada, depois de 27 anos auxiliando as sessões de observação e encantando crianças, jovens e adultos, ela finalmente será aposentada.

“A cúpula é uma parte essencial de um observatório astronômico. Ela tem a função não só de proteção, mas também deixar o instrumento apontado para as várias direções do céu que a gente quer observar. Ela é um equipamento bem específico de um observatório e dá também aquela questão até estética, se distingue da paisagem”, conta o astrofísico do Observatório, André Luiz da Silva.

Segundo ele, a necessidade de troca da cúpula não é nova. Além de apresentar goteiras, ela foi feita na própria oficina do CDCC, sem muita informação de como deveria ser uma cúpula de um observatório astronômico. “Ela tinha muitas falhas, era bem pesadona e não tinha motor. Então tudo o que tínhamos que fazer, fazíamos na força. Ela tinha sido muito bem colocada, estava bem horizontal, tinha roldanas, mas era preciso ter força para puxar ou empurrar a cúpula e colocá-la na posição que queríamos”.

A nova cúpula, que já está sendo montada no estacionamento ao lado do Observatório, é feita de fibra de vidro, material bem mais leve que o da anterior. Ela tem seis metros de diâmetro e tanto sua movimentação quanto a abertura da janela de observação serão motorizadas (em caso de falta de energia, um sistema de manivelas ajudará a fechá-la manualmente). Mas a grande novidade é a possibilidade de abertura da parte de cima, que permite observar a parte mais alta do céu, conhecida como região zenital.

“Zênite é o ponto bem acima da cabeça do observador. É a melhor região para observar o céu, pois há menos interferência de luz e também pouca turbulência atmosférica. Quanto mais próximo uma estrela estiver da linha do horizonte, mais ela vai cintilar e mais difícil será observá-la. Isso acontece porque há uma camada maior de atmosfera, de ar, o que faz com que a imagem fique tremeluzente. Já no Zênite, esse efeito é minimizado, pois há uma camada menor de atmosfera”, explica André.

Outra novidade em relação à cúpula vai dar um “refresco” a quem visita o Observatório durante o dia. Por ser feita em fibra de vidro e pintada de branco, ela vai absorver menos calor que a anterior, tornando mais agradável o passeio nas horas de sol.

A troca da cúpula faz parte de um projeto financiado pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da USP. André diz que há também um outro projeto, enviado no final de 2013 ao CNPq, que inclui a instalação de um planetário, a reformulação do Jardim do Céu na Terra, espaço ao lado do Observatório com diversos equipamentos pedagógicos ligados à Astronomia, e a reforma do telescópio refrator Grubb e de outros três telescópios históricos. De acordo com o astrofísico, o telescópio principal é praticamente centenário.

“A gente não sabe exatamente qual a data de fabricação dele. Por conhecer um pouco da história dos telescópios no mundo, a gente sabe que essa firma que o produziu teve a denominação Grubb até 1925 e depois se transformou em Grubb Parsons. Como nosso telescópio não tem a inscrição Grubb Parsons, ele deve ser pelo menos de 1925”, explica.

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