(JC) Os dois temas figuraram no primeiro dia do 62º Lindau Nobel Laureate Meeting, evento que reúne 27 ganhadores do Prêmio Nobel e 592 jovens cientistas em Lindau, no sul da Alemanha, para discutir Física.
Quem abriu as apresentações sobre cosmologia foi Brian Schmidt, vencedor do Nobel de Física do ano passado ao lado de Saul Perlmutter e Adam Riess por provar a aceleração da expansão do universo.
Schmidt fez um passeio pela história da cosmologia, citando, por exemplo, Edwin Hubble e as Equações de Friedman sobre a expansão métrica do espaço por modelos isotrópicos e homogêneos do Universo, dentro do contexto da Teoria Geral da Relatividade de Albert Einstein, até chegar aos dias atuais.
Por sua vez, John Mather, Prêmio Nobel de Física em 2006, falou sobre telescópios fundamentais para a cosmologia que estão em funcionamento ou prestes a serem concluídos. Entre eles, o ALMA (Atacama Large Millimeter Array), no Chile; os satélites COBE (Cosmic Background Explorer), WMAP (Wilkinson Microwave Anisotropy Probe) e Planck; o Spitzer, lançado pela Nasa; o James Webb Space Telescope e o Euclides, anunciado recentemente, que estudará matéria e energia escuras.
Mudanças climáticas - Os cientistas Paul Crutzen e Mario Molina, ambos vencedores do Nobel de Química de 1995 por descobrirem que o óxido de nitrogênio e o clorofluorcarbono (CFC) destroem a camada de ozônio, também se apresentaram no primeiro dia do encontro.
Em sua palestra, Crutzen lembrou que em menos de um século a emissão de CO2 cresceu 40% e a de gás metano, mais de 100%. E disse que, apesar da redução na produção de CFC no mundo, a camada de ozônio ainda necessitará cerca de 50 anos para reconstituir o buraco. Ele caracterizou o homem como "poderoso agente geológico", que causa "15 vezes mais erosão do que os processos naturais", um dos aspectos da chamada era do Antropoceno. O cientista holandês também lembrou o problema dos fertilizantes feitos com fósforo e do desperdício de alimentos ("por volta de 30% da produção mundial").
Por sua vez, Mario Molina apresentou uma pesquisa em que dizia que apenas 28% da cobertura midiática apontam o homem como agente influenciador do aquecimento global. O cientista mexicano também mostrou dados que indicam que 97% dos cientistas acham que as mudanças climáticas ocorrem por influência da atividade humana, mas que apenas 26% do público em geral acredita nisso. Ele também lembrou o interesse político no tema, especialmente nos Estados Unidos, país onde desenvolveu parte de suas pesquisas. Molina é um dos conselheiros sobre ciência e tecnologia do governo de Barack Obama.
Polêmicas - Já Ivar Giaever, em sua conferência, classificou como uma "nova religião" a questão do aquecimento global. Tão polêmico quanto carismático - foi um dos palestrantes que mais divertiu a plateia com seu jeito espirituoso -, Giaever não passou despercebido e acha que o tema é comparável às religiões porque "não se pode nem discutir".
Premiado com o Nobel de Física em 1973 por suas experiências com semi e supercondutores, Giaever faz piada com sua popularidade na internet, que hoje está mais relacionada às suas opiniões opostas a grande parte da comunidade científica (que acredita na influência das ações humanas nas mudanças climáticas) do que pelo tema que lhe rendeu a mais alta distinção da ciência.
No evento, Giaever mostrou em sua conferência 'O Estranho Caso do Aquecimento Global' uma série de dados que vão de encontro a opiniões pessimistas, como um gráfico em que comparava o aumento de emissões de CO2 entre 1995 e 2010 com as mudanças de temperatura. De acordo com o cientista, não houve aumento significativo desta última - segundo seus dados, nos últimos 100 anos a temperatura aumentou 0,8°C.
Ele trata como "casos isolados" tragédias como o furacão Katrina em Nova Orleans e afirma achar uma boa solução para o planeta a política do filho único da China. "De 1979 para cá, deixaram de nascer 375 milhões de chineses. É a população dos Estados Unidos", compara.
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